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Artista Plástico, escritor e poeta lírico-social, baiano de nascimento, sem cortesia a sua pátria – olhos multicores, ainda crentes na humanidade! Desapegado da política sem deixar de ser político, No abandono da religião sem abandonar o Cristo. Admirador de Shakespeare, Mahatma Gandhi, Martin Luther King,Castro Alves, entre outros gênios da nossa história humana!

Vinho, amor e mulher

Ao banquete
                         “bom seria que o homem não tocasse em mulher”
(Paulo de Tarso, epístola aos Coríntios)

         
          Diz Baudelaire: “o vinho é semelhante ao homem”
          Quanto à mulher, caro amigo... A mulher é semelhante ao vinho!... É preciso estar atento, não acomodar-se diante ao banquete que lhes reserva os seios perfumados de uma Eugenia... “No seio da mulher há tanto aroma/ Em seus beijos de fogo há tanta vida”. Pobre poeta, não chegou a ver os frutos dos seus labores!... Uma mulher, traiçoeira serpente, amou o egoísmo mais que o soldado dos escravos... É preciso estar lúcido, tão lúcido quanto Sócrates diante ao vinho... – beber e não se deixar embriagar.

          Se quiseres embriagar, tome quantos cálices necessários! O melhor que faças meu jovem, se tu és fraco – e muito fraco – é fugir-te o mais longe possível!... Mas se tens o dom que Sócrates ao vinho, esteja-te servido à vontade... Beba no seio desta Ninfa até o último gole de sua volúpia!... Rias com ela e gozes de todo prazer que lhes oferece, mas... não se deixe embriagar-se de amores! A paixão desmedida por uma dessas Musas acarreta-te a lama da próxima esquina... Sejas sábio, só apaixone-se por quem amas-te verdadeiramente como tu és: com teus passos à teus ideais!... Se deixar-se apaixonar por uma mulher de passos desnivelados aos teus jamais verá os frutos da macieira que plantastes quando menino... Morreras prematuro aos louros dos esforços!... E, como o poeta dos escravos –“Ah, zumbi dos Palmares!... Seria minha obra-prima”. – padecerás tu com teus ideais inacabados...

          Pois bem, o vinho alegra a alma triste na embriagues – O corpo da mulher se assemelha – Mas a embriagues do vinho passa, já a embriagues da mulher permanece... O canto ordinário é o mesmo: cheio de erotismo e paixão... Por isso, estimado amigo que até o instante me lês, reforço-te o conselho: se és fraco – e muito fraco – fujas!

Poetisa

XXXII– A escrivaninha

          Com graciosidade ela escrevia seus poemas... E era cada qual mais lindo que o outro. Gostava de vê-la de madrugada quando o sono tardava: sentadinha à nossa escrivaninha, acentuada em nosso quarto... Seus dedinhos enlaçados ao lápis corriam na cadência dos versos que lhes vinhas espontâneos... Enquanto ela permanecia atenta à compor, eu me deslocava à cozinha, preparava um café bem quentinho e a trazia em nosso quarto... Beijava-me no lábio afetuosa, me agradecia gentileza, e eu a dizia que era para mim um enorme prazer despertar os olhos e o riso contente no rostinho lindo de minha adorável mulher... E ela me sorria prazerosa, como sempre fazia quando demonstrava em algum gesto meu a infinidade desse amor que a tenho... E me dizia que eu não existia de tão bondoso que era. Beijava-a e retornava ao nosso leito deixando ela à escrivaninha compor seus encantados versos... E assim a admirava até e exaustão de si ou o término do poema...
          Depois do poema já pronto, me pedia para eu recitá-la; e eu a recitava... Ela estendia seus olhinhos em mim... Às vezes chorava comovida com os próprios versos quando melancólicos... e quando felizes ria encantada... Ao terminar de recitar estendia-lhe os braços e ela vinha-me, deitava ao meu peito e tão logo pegava no sono... Eu permanecia acordado por um pouco de tempo assistindo-a dormir num dormir inocente de uma criança... Pedindo a Cristo que não levasse de mim tão cedo aquele pequeno anjo...

Sonetos (primeiros e últimos)




Soneto ao último soneto

Tenho medo amiga... Tenho medo
Só me acalenta o rosto o poema
Mas sinto que os versos me fogem
Qual o gênio foge do poeta.

Tenho medo amiga... Tenho medo
Sinto a palidez em mim...
A ausência de versos moços
Penso que já não vivo... - morro -

Tenho medo amiga... Tenho medo
Já não me vejo marchar o poema
Trazendo ao punho dourada pena...

Tenho medo amiga... E muito medo
Temo que sejam estes meus últimos versos
Últimos versos ao último soneto...

(02 de julho de 2007)

Saudades e Lembranças



Se quiser ir à Paris


Se quiser vir comigo, vem agora
E vamos galgar nossa história numa estrada simples... – e feliz!
Vamos contemplar flores sem se preocupar com os dias...

Tudo proverá o amor!

Mas oh, não espere de mim rei pra ser rainha!
Talvez me torne diferente do que sou agora
E te queira por meretriz e não por senhora!

Se quiser ir à Paris, vem comigo à realidade!

Meu bem, Paris é um sonho, o amor é real!

Entre a Flor e a Náusea



A ausente

“Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente “
(Camões)
Por que assim foges pra distante?...
Por medo ou pretensões?
Prefere o silêncio, achas contemplante
Esse teu amigo de ilusões.

Tu me possuis sem olhar na fronte
Sem deixar no rosto o beijo diário
Inquietar teu peito ao meu... Semelhante
Ao mesmo amor... Esse amor literário

Tu me dizes: “O amor é ridículo” – contesto –
Eu vos digo: “eis a razão
Para que o amor sejas completo”.

Mudastes de repente o semblante
Deixastes tua voz recitar Camões
Um poema de amor – ridículo – ao “poeta errante”.

Pétalas da poesia



Pétalas da Poesia

Quero começar do mais simples
E fazer desse simples o sublime.
Quero me deitar, seja por sobre uma rede
Ou por sobre uma esteira
Mas sempre com o olhar ao céu,
Direcionado às estrelas...
Quero rir na alegria de um louco;
De um louco lúcido da alegria que se tem
– essa alegria de viver –
Quero recomeçar de novo quando fraquejar
E não quero fraquejar jamais;
Quero ser forte mesmo que eu seja frágil.
Não quero morrer num naufrágio...
Quero a esperança contrita comigo
E na esperança encontrar a fé
E com a fé remover a mais alta montanha.
Quero não ter medo de nada – nem mesmo de morrer -
E quero fazer do nada um bom motivo para recomeçar.
Quero ter a visão do infinito
Mesmo sendo eu – nessa vida – finito;
Saber discernir o bem do mal
E o mau do bom
Não em questão de como se escreve,
Mas em questão de amor, de como se ama.
Quero não mais sentir esse vazio,
Essa alegria retraída
Se for preciso, não festejar mais o carnaval
Fugindo do pós, do tédio total.
Quero a felicidade,
A liberdade de abrir a janela ao meu jardim
E ter a certeza de um novo dia
Nas asas de uma borboleta,
Nas pétalas da poesia.